11.3.11

espinha dorsal e coração. até esta data, o dia mais emocionante da vida. ver assim, um pequeno ser dentro do corpo. do meu corpo. choro imediatamente com a primeira imagem. vida brotando. doze semanas. menor que borboleta.

24.1.11

tão pouco tempo depois. bebida preferida: café. mas de repente, enjôo. sensação estranha no corpo. farmácia do supermercado para comprar um teste. ansiedade. em casa, duas linhas. silêncio e espanto. choro. choro mais. não consigo falar com w. porque está em aula - telefone desligado. falei com laura w. não consigo me lembrar da conversa. fui buscar w. no trabalho, e em casa digo: estou grávida. choro de novo. w. diz: vai mudar muita coisa, mas é uma coisa boa. não precisa ficar assim. vertigem: quatro crianças.

7.12.10

espero você pra janta. chega em casa e logo se deita. 39.1ºC "não se preocupa. sempre acontece nessa época do ano. algo vai mudar". documentários e livros sobre chi, caos, self-organization.

4.12.10

não te conheci pelos textos que você escreve ou pelas coisas que as pessoas dizem - e normalmente exageram. como deve acontecer frequentemente com você - assim comigo também, existe a sensação de que determinadas coisas podem ser compartilhadas. talvez as pessoas nos vejam como "território safe". empatia, talvez. assim, "tudo bem ficar perto". teve aquela nossa troca de e-mails no tempo em que eu tava no japão. talvez talvez porque eu me sentia infinitamente sozinha. ou porque era realmente interessante e prazeiroso te ler. de todo jeito, foi o que nos colou. glue of the world. só depois fui acessar esses links todos e sites de literatura. não sabia que você era mais dedicado à escrita do que todo mundo que tem blog hoje em dia. que era coisa de respirar. bom, e vim, e estamos aqui, e depois de quase meio ano, lendo tuas coisas perdidas na internet, não consigo imaginar que é a mesma pessoa. mas qualquer coisa que eu diga é suposição. quero acompanhar as mudanças atentamente, ficar perto desses outros você, outras eu.

3.12.10

os dias tranquilos. possível acordar com um sorriso no rosto. conjunto de fatores. a casa da minha mãe ainda é a minha casa, e me sinto bem lá. mas há um tipo de satisfação diferente em voltar pra casa onde moro com w. tempo presente. 
passei o dia procurando uma casa nova ou apartamento maior pra gente se mudar. vontade de quintal e plantas. apesar das nuvens todas de passado recente, gosto do apartamento onde moramos porque foi ali que nossa história começou. e sinto que cada vez mais tudo vai correr bem. as organizações todas minhas e dele.

2.12.10

alguns planos. uma cafeteria. ou uma pequena loja de presentes. ou floricultura. tudo junto talvez. mais de um ano depois consigo olhar pra experiência ´kosmos coffee´ como algo positivo. apesar das dificuldades todas, um aprendizado e primeiro contato com a idéia de negócio (business) + outros artistas (rever e-mail do c. h.). ´red book café´ da ai-san  em tokyo também me mostrou um tanto, principalmente  isso das relações pessoais. cafezau e lu. amoreira da tininha. therapy e algo mais. agora é estudar as etapas, detalhes, operações e cobrir todas as bases.

29.11.10

"quer dizer que família não é a coisa mais importante pra você". a vida toda pensei em ter uma família. (bom, menos quando tinha uns 15 anos e planejava passar a vida viajando com a minha melhor amiga pelo mundo todo e depois atirar o carro no precipício telma & louise style). namorados sempre foram os caras que eu conseguia visualizar como pais dos meus filhos. e se algo acontecia e essa imagem dissipava, tão logo acabava também esse relacionamento. agora, morando com w. e os pequenos, sinto que tenho exatamente o que buscava. mas e essa angústia-insatisfação que faz aparecer umas nuvens de chuva aqui em cima? passei esta manhã sozinha, com a mente tranquila, afagando a doggie. l. me disse pra deixar vir e perceber as coisas que estou sentindo, principalmente nos momentos em que não estou preocupada. daí vieram com facilidade todos os planos que eu tinha antes de "me casar". como tenho me dedicado apenas à adaptação à nova vida, e deixei um pouco de lado o que eu fazia antes, senti muito uma quebra de continuidade. mas pensando bem, tudo o que quero fazer é bem mais possível agora que w. está em minha vida. 
a família é a coisa mais importante pra mim. e entre outras coisas importantes, percebi de modo mais claro que preciso compartilhar meu afeto e ajudar as pessoas a olhar as pequenas coisas.  mostrar o que vejo não deixa de ser um jeito de me aproximar disso. por isso as trocas voluntárias e desinteressadas de pedras-cartas me deixam tão emocionada. e por isso de algum jeito ainda me interesso por exposições e arte e artistas apesar do bode com tanta disputa e pensamentos de mercado saturado.
preciso cartografar minhas experiências e compartilhar tanto quanto preciso da minha família pra viver feliz.

28.11.10

smart ass.

mas entre tantas coisas pragmáticas receio perder a poesia. outro dia recebi um link: "estava ouvindo essa música e acho que você é a única pessoa que talvez goste dela também". "you made me smile with my heart". o que me faz respirar. o que faz sentido. para ficar perto. segurar minha mão para dormir. me puxar no canto da sala de casa pra dançar. "ela está sempre presente, basta estar atento aos sinais".

palavras duras. nunca ouvi nada tão direto nem dos meus amigos mais próximos, ou da minha família. fiquei pensando se minha insegurança é real ou se é uma desculpa para não enfrentar algumas responsabilidades. mas o que seria uma insegurança real? acho que não é isso que eu quis dizer. de todo jeito, congelar ou retrair num momento em que o desenvolvimento está rolando bacana, pra que? melhor seguir em frente e lidar com o que aparece. sem suposições, ok. melhor trabalhar com o que se tem mesmo. deixar os fantasmas pras imagens que acho bonitas. nada de romancear a realidade; ficar transformando tudo em ficção como se só assim pudesse ser interessante. essas distâncias-abismos para voyeur.

27.11.10

as mesmas coisas que me trazem satisfação - cuidar da casa e das crianças - me deixam um pouco em crise porque conflitam com as minhas escolhas de vida para até pouco tempo. ou pelo menos parecem bater de frente com alguma idéia meio pronta que comprei esses anos todos. na verdade tudo mudou quando percebi que somos uma família. eu não tinha planejado isso. foi maravilhosamente acontecendo. meus amigos batem na tecla: você é artista e não vamos deixar você largar isso por causa de um homem com filhos.  mas você tem razão. tem coisa que a gente simplesmente não deixa; nos persegue - ou nos acompanha em silêncio. quando o material de importância é o da vida como ela se desenrola, todas as escolhas se incluem.

26.11.10

ouço a sua voz e te sinto perto ou longe. resolvi vir pra são paulo rever a família, os amigos e ver a bienal, laurie anderson e beuys entre outras mostras e eventos que não param de aparecer na programação. olho o que os amigos colocam no facebook e sinto cada vez menos vontade de estar em alguns lugares. as coisas na escala proporcional ao que sinto estão aí com você e os meninos. passei o dia contando de vocês. caminhando no centro da cidade ou no supermercado, me dei conta do quanto essas ações cotidianas me deixam satisfeita com a vida em muitos momentos. teve um dia no qual me dei conta, ali lavando louça, do quanto aquilo me deixava contente, porque eu estava fazendo algo por nós.

25.11.10

a viagem ao japão foi feita ao lado dele o tempo todo. texturas, cheiros e cores compartilhados. como me aproximar e como deixar que ele se aproximasse. quando voltei ainda levei um tempo para encontrá-lo. como ter tanta intimidade com uma pessoa que eu mal conhecia. todos falam de familiaridade, de amizade de longa data. era uma pessoa estranha pra mim e eu não estava apaixonada. mesmo assim, vontade de estar perto e possibilidades infinitas. meses depois: se tiver amor vale a pena. mas o que é amor pra mim, o que é amor pra ele. os dias vão acontecendo. mas não passam despercebidos porque tanto ele quanto eu estamos atentos demais vendo as flores nascendo e morrendo. cada detalhe novo no desenvolvimento de r. e n. fica visível e vira assunto de nossas conversas tomando café. "apaixonado não. amando". que será que entendemos disso? sinto a gente uma família mas ainda tenho medo das grandes mudanças.
"pode deixar as mudanças acontecerem. estou aqui."

me achou bonita no dia em que me viu de costas, de frente para o guarda-roupa aberto, enrolada em uma toalha. a única preocupação daquele momento era escolher uma roupa e vestir.

23.11.10

talvez por acompanhar o blog de algumas pessoas. talvez por vontade de me comunicar com essas mesmas pessoas. nunca fui muito fã dos blogs de coisas escritas por acha-los muito diretos. e grande parte das coisas que me interessam estão abaixo de camadas e camadas. mas lendo w. s. vi que nada está na superfície. quando conta da infância ou das coisas que sente ao ver os filhos crescendo. mas ao mesmo tempo, para ver alguma coisa, não é caso de colocar dedo na ferida ou escavar segredos. há muito pra se ver nessa mesma superfície que não mostra nada. há de se tocar a pele bem de leve.

22.3.10

guiza-guiza. beta-beta. pika-pika. goron-goron. kari-kari. pocho-pocho. giri-giri. gucha-gucha. zara-zara. toki-toki. kero-kero. butsu-butsu. bara-bara. tiri-tiri. kachi-kachi. nyan-nyan. wan-wan. pokkuri-pokkuri. peko-peko.